segunda-feira, 9 de março de 2009

(8)- OPOSTOS... ARIDEZ DA VIDA.


Os opostos são o lado das dualidades da vida que as pessoas, em função de sua visão de mundo, consideram inaceitáveis.
Entre os muitos, o desamor, a derrota, a pobreza, o insucesso, a enfermidade, o desemprego etc., há a morte, porque mesmo sendo um evento indissociável da vida, para muitos causa impasses (situações sem saída ou dificuldades insuperáveis) psicológicos, dificuldades que suscitam traumatismos psíquicos vez ou outra indissolúveis.
Os opostos, chamados também “Fatores Estressores”,   responsabilizam-se pela angústia, raiva, amargura, estados de não perdão, agonia,  ansiedade etc., que agride a maioria dos homens.
Entre os “Fatore Estressores”, ainda, há episódios,  situações, pessoas ou objetos que provocam em nos indivíduos uma tensão emocional que o induz ao stress.
Há mais fatores estressores? todos os que, mesmo variando quanto à sua natureza, abrangem desde componentes emocionais, como, por exemplo, a cólera, frustração, ansiedade ou perda, até componentes de origem ambiental biológica e física, como é o caso do ruído excessivo, o trânsito caótico, as pressões do estudo, trabalho, poluição, variações extremas de temperatura, problemas de nutrição, falta de libido e por ai em diante.
Difícil conviver com estas situações? Hora, mais uma vez fazem parte da vida, uma arena onde os homens, como gladiadores, se enfrentam de contínuo em busca do sucesso que almejam. Conseguindo-o, derrotam o oponente, e este, se não edificar sobre a derrota para o embate seguinte, passa a ser um eterno estressado.
A primeira fase do stress é positiva, é representada pelo nível de ansiedade e expectativa que brota do cerne do homem para prepará-lo para enfrentar os  da vida. Uma reação natural que leva alguns indivíduos a se superarem.
O problema surge depois, porque este distúrbio, se não tiverem um fim, como uma pintura que ao receber camadas  sobrepostas assume cores mais intensas, se acentua na medida em que a pessoa não consegue mais descarregar suas tensões naturalmente.
Chega-se, então, a fase em que o stress passa a causar distúrbios físicos e psíquicos. Físicos como dor de cabeça, coluna, enxaqueca, cansaço, sudorese, falta de ar, taquicardia, pressão alta, dores musculares, insonia, ausência de libido, crises de asma, queda de cabelo, erupções cutâneas, pruridos e distúrbios intestinais. Entre a irritação, angústia, perda de sono, dores de cabeça, problemas digestivos etc., que desembocam na exaustão física e mental. Entre os psíquicos há a sensação de esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, crises de choro, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo, baixa auto-estima e ideias de suicídio.
Destarte, se os indivíduos não fortalecem sua estrutura emocional para suportar o “peso dos opostos", similarmente a uma estrutura projetada para suportar 200 Kg., mas carregando 300, perdem o equilíbrio. Assim, se planejavam passar o fim de semana na praia, e por isso contavam com o sol, se ao contrário chove, ficam amargurados, e a contrariedade se agrava na segunda feira se faz tempo bom.
Nessa “atmosfera”, como em qualquer outra produzida por eventos semelhantes, se o cachorro late, os canários cantam ou o papagaio do vizinho fala, a tensão atinge níveis que vez ou outra provocam perigosas reações como chutar a bunda do cachorro, bater com a vassoura na gaiola do periquitos ou gritar para o vizinho para que de jeito no seu papagaio porque está “enchendo o saco”.
O descontrole assim gerado não tem limite, e por não tê-lo – sem pensar nas conseqüências e no provável arrependimento posterior, os mais insignificantes desentendimentos dão origem a desenfreadas discussões, que tanto podem acontecer entre o marido e mulher, pais e filhos, no trânsito, na padaria, no supermercado, no trabalho ou onde estiverem. Nesse estado, as pessoas passam a exercer papéis não somente ridículos, mas incabíveis.
Estes, entretanto, são somente os efeitos exteriorizados, assim como o é a fumaça e a cinza que são arremessadas para o alto quando um vulcão se predispõe a entrar em erupção. Mas é a pressão que se acumula nos domínios psíquicos a causa dos maiores estragos, porque enquanto em um vulcão a liberação da energia interior pode abrir uma brecha na sua estrutura rochosa, no homem pode provocar um acidente cardiovascular, um câncer ou qualquer outra enfermidade grave.
São infinitas as enfermidades que vitimam a humanidade devido aos distúrbios psíquicos que abrolham a partir da intolerância, postura que ao se ampliar, além de dificultar a aceitação dos opostos, alimenta os vícios que vão da alimentação inadequada, passam pelo alcoolismo e tabagismo e findam nas drogas.
Elas afloram porque, ao perder a modéstia, o segredo do sábio, o homem tornou-se abusivamente arrogante e exigente demais. Por um lado, em sua audácia afronta tudo e todos, mas se sobrepujado (no amalgama da vida há sempre mais insucessos do que vitórias), não consegue coexistir com a derrota.
Chegou ao ponto que peita Deus. De inicio o exalta tentando suborná-lo, mas, quando acontece o inevitável, culpando-o pelo acontecido, blasfema, impreca, chegando a se tornar ateu ou a se filiar a outras religiões a titulo de vendeta.
Entretanto, ninguém, por mais estressado que esteja, mesmo admitindo sentir dores, ter o pavio cada vez mais curto, não fazer a digestão, não conseguir dormir ou fazer sexo, não mais se relacionar com a família etc.etc., admite que está estressado.
Sigmund Freud dizia que no inconsciente do homem se encontram os conteúdos psíquicos (desejos, impulsos, medos etc.) que a consciência escondeu de si mesma por não conseguir aceitá-los, e que o homem acredita ter esquecido, minimizando, assim, o sofrimento inerente. mas que, por terem sido removidos para o inconsciente, lá permanecem até que, após manifestarem-se como traumas psicológicos, assumem as mais variadas enfermidades de caráter patológico.
No  brasil esta manifestação regride até a época do império e quem a expõe é a historiadora Mary Del Priore. 
O imperador Dom Pedro II (1825/1891) teve dois filhos homens, mas, por terem morrido na infância, a preservação da sua linhagem no trono passou a depender de suas filhas, isto é, de Isabel Cristina, a primogênita e Leopoldina Teresa a que nasceu a seguir.
Entretanto, como a princesa Isabel nos primeiros anos de matrimonio com o Conde d` Eu não conseguia engravidar, na medida em que os anos passavam, a falta de um sucessor gerava na corte uma ansiedade intensa. Foi no cerne desta agonia que surgiu uma nova esperança, porque Leopoldina, a filha mais nova, ficara gravida.
Pedro Augusto, seu filho, ao nascer em 1866, catalizou a atenção de todos, e, quando em seguída passou a gozar do carinho de avô imperador, ninguém teve mais dúvidas de que seria ele a sucedê-lo no trono.
A princesa Isabel, porém, dez anos após o casamento engravidou, e como a Constituição do império rezava que o filho mais velho de Isabel, a primogenita, era o natural sucessor de Dom Pedro II, quando este viesse a abdicar, Pedro de Alcantara, que nasceu em 1875, assumiria o trono.
Nesse momento começaria o drama que viria a “envevenar” a alma do principe Pedro Augusto, porque, por ser nove anos mais velho do primo Pedro de Alcantara, ao longo de muitos anos sonhara ser o imperador. Sim, a idéia de que não mais viria a ser o ocupante do trono era devastadora, e por sê-lo, começou a somatizar...Sofria de insónia, suores e tremores nas mãos.
O Brasil, na época, vivia as tensões da campanha abolicionista e do movimento republicano, o ambienta apropriado para que no palacio florescessem as mais crueis intrigas. Pedro Augusto, neste cenário, se tornou um instrumento útil, mesmo porque, aparentemente, era o preferido do avô. Faziam programas juntos, iam ao teatro e, ao acompanhar Dom Pedro II em viagens à Europa, passou a ser conhecido como o favorito.
O sucesso de Pedro Augusto nas cortes do velho mundo, acabou merecendo destaques nos jornais e isso, claro, enfureceu a princesa Isabel e seu marido Conde d`Eu a ponto de tomarem satisfações de Dom Pedro II.
O clima, na família, então, passou a se conturbar, o que estimulou mais ainda a rivalidade entre Pedro Augusto e Pedro de Alcantara. Mas foi a proclamação da Republica que fez ruir os últimos sonhos de Pedro Augusto quando somava 23 anos. Em seguida, abatido e acossado por distúrbios psicóticos, fugiu com a familia para a Europa. Mas esta atitude não foi suficiente para afuguentar sua angústia, e assim sendo, a sua enfermidade se agravou. Dizem que chegou a ser atendido por Sigmund Freud, então um jovem médico austríaco, mas seus problemas continuaram se agravando até que com 27 anos, acossado pelos boatos de que o primo que odiava assumira o trono, tentou o suicídio.
Pedro Augusto viveu solitário e morreu aos 68 anos após passar 41 deles internado em um manicomio. Sim, colocado em uma situação de impasse psicológico, somatizando, desenvolveu a enfermidade que o matou.
A seguir alguns casos de somatizações após trauma psiquico comprovados pela ciência médica.
· O divórcio mais que dobra o risco de desenvolver o câncer.
· A morte do marido dobra as probabilidades de a doença aparecer.
· A perda de um parente ou amigo próximo chega a aumentar os riscos em até 40%.
· A perda do emprego pode fazer com que as probabilidades de desenvolver o tumor aumentem em 20%.

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